domingo, 2 de junho de 2002

No ano passado, andei durante várias semanas a ouvir, compulsivamente, o Vespertine da Bjork. Adorei o disco no seu todo, mas após algumas audições comecei a ficar preso à sua meticulosa programação electrónica. Foi então que parti à descoberta dos colaboradores de Bjork. Herbert já era um nome que conhecia e até tinha o seu último álbum (o também muito bom Bodily Functions) mas o mesmo não se passava em relação a uns, para mim desconhecidos, Matmos. Descobri que esta dupla americana era a grande responsável pela “roupagem” do Vespertine.
A Chance To Cut Is a Chance To Cure é o último trabalho dos Matmos e para aqueles que, como eu, se prenderam à fabulosa programação do Vespertine é obrigatório. Não é de fácil audição mas acaba por se tornar irresistível pelos desafios que nele se encerram. Ao longo deste trabalho somos confrontados muitas vezes com experimentalismos a fazer lembrar um Aphex Twin.
Há qualquer coisa de realmente novo neste disco em que a música atinge uma dimensão orgânica. Quando digo orgânica não o estou a fazer só num sentido metafórico. É que os Matmos andaram um mês a recolher sons de operações em vários hospitais. Por exemplo, uma das faixas tem sons de uma operação a laser ao globo ocular...
Bizarro? Sim, é claro que pode parecer bizarro, mas tudo isto traduz-se numa sonoridade abstracta de grande complexidade e qualidade.
Com estes trabalho os Matmos rasgam os limites (se é que eles existem!) daquilo que é normalmente considerado como música.

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