PONTOS
Negativo: o pó que tornava o ar, por vezes irrespirável. Mesmo.
Positivo: um melhor aproveitamento do espaço; andava-se, mais à vontade que no ano passado, não obstante as 20 mil pessoas que afluíram a esta edição.
Negativo: o Pedro Miguel Ramos.
Positivo: os bonés não saíam da tenda Hipnose.
Negativo: os pães com chouriço cru.
Positivo: as bailarinas da Smirnoff e as gajas de penteado à Björk.
Negativo: as tradicionais palminhas antes, durante, depois e fora do tempo; para não falar nos bardos e nas bardas que se achavam dignos de um dueto com a Björk, mas cá entre nós, eu também estava entre eles...
MÚSICA
Moby
Uma bola amarela aos pinchos no palco. Discursos anti-Bush politicamente incorrectos. Baboseiras. Os cds em formato festivaleiro.
Nightmares On Wax
Deixaram muito a desejar pelo que me deram a ouvir através dos cds. A hora tardia não ajudou nada.
Trüby Trio
Os Trüby Trio deram o melhor DJ Set da noite. A julgar entre os que tive oportunidade de assistir. Batidas muito boas de se dançar, de dar cabeçadas no tecto da tenda. E passaram uma versão ainda mais dançável do Eple dos Röksopp.
Dzihan & Kamien
Tive a infelicidade de não os ouvir. Na brochura do festival anunciava-os à mesma hora da menina da noite. Nem pensar...
Björk
A menina é um anjo. É mais que isso. É uma alucinação gelada num deserto tórrido. Um vestido azul esverdeado e folhado e uma corôa de penas verdes em redor de cada orelha ansiosas por um murmúrio. Um corte de cabelo justinho, liso, com repas bem delineadas e um prolongamento traseiro retro. E ela dançava, mexia, embalava, acarinhava, encenava delírios nos olhos que a devoravam. Os gestos traçavam desenhos infantis e murmuravam imagens. A voz é a voz dela. Aqui, ao vivo e a cores. Muitas cores. A poucos metros de distância. Tudo isto acompanhado por cinco violinos, dois violoncelos e uma harpa genial. Mais as caixinhas de música dos Matmos e os beats psicadélicos e os efeitos fabulosos numa voz fabulosa. E as labaredas em cena e o fogo de artifício sob o palco. E as projecções numa tela paradisíaca em imagens saídas do sonho de um génio. O transe do corpo de menina durante «Hunter» adivinhava um concerto memorável. E foi. Já acabou. Ficaram três inéditos, «Desired Contellation», «Nameless» e «Where Is The Line», uma fantástica versão electro de «It's In Our Hands» e uma outra de «Human Behavior» a descer o pano. Mais ficou algo mais...
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