era objectivo de hoje, apresentar um texto tipo
2-em-1, sobre os últimos concertos assistidos no
Teatro Circo de Braga, neste e no anterior fim de semana. Iria falar de
Maximilian Hecker, mas perdi ontem as palavras, quando atropelado por
três assombrosas gargantas de cavalo e ruminar vocal de todos antílopes e nómadas herbívoros das florestas e montanhas de
Tuva…
Chirgilchin é a designação do conjunto de 4 elementos provenientes daquela república do sul da
Sibéria, estiveram cá recentemente com
Laurie Anderson em
Montemor-o-Velho, e estão agora novamente em digressão por 4 cidades (
Lisboa,
Braga,
Leiria e
Coimbra). Regurgitam, arrotam, ruminam em ressonâncias e vibrações, berram, urram, relincham como os animais das pastagens, um conjunto de sons, vocábulos que num toque de mágica passam a acumular assobios, chios, algo indescritível de nos fazer dizer “aquilo é impossível sair de uma garganta (humana)”… estas sonoridades, designadas de “
throat singing” ascendem a tempos ancestrais , com influência dos antigos cânticos mongóis e música dos templos budistas, desmembram-se em diversas variantes das quais se destaca o
Khoomei, sendo ainda um género musical de habituais disputas - desafios entre alguns músicos/
shamans Tuvianos. Havia naquele palco ainda um conjunto de instrumentos artesanais (fabricados por um dos músicos -
Aldar), essencialmente cordas sobre diferentes caixas de ressonância, ora dedilhadas ou vibradas, mas os instrumentos não passavam de mero adereço ou diapasão para o abrir inicial das gargantas… elas, e suas cordas vocais equinas, faziam tudo e tudo abafavam, perante o silêncio e lábios abertos da plateia…
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http://www.purenaturemusic.com/chirgilchin.htm
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