quinta-feira, 16 de janeiro de 2003

Dois grandes discos editados no fim de 2002 pela alemã Morr Music.
Ms John Soda - «No P Or D»
"Tal como numa (perfeita) história de amor um equivale a dois. Ou dois são apenas um, como preferirem. A união é perfeita, homem/mulher, casal. Micha Acher (irmão de Thomas, dos Notwist) e Stefanie Böhn são ambos elementos chave da distribuidora e editora Hausmusik. O primeiro está envolvido, para além dos Notwist, nos Village Of Savoonga e Tied & Tickled Trio, Stefanie é teclista nôs Couch. A relação é duradoura, percorreu já dez anos, com dois filhos álbuns editados. Do rock (com ligaçõeskrautianas) passou para a pop, sintética, electrónica, doce, perfeitamente equilibrada entre instrumentos e electrónica. Cantam canções suspensas na indietronic, repletas de formigueiro pop. [...] A feitura de uma música pop vaporosa, assumidamente imperfeita na sua construção, no entanto, muito próxima da perfeição."
in Y/PÚBLICO
Guitar - «Sunkissed»
Thomas Morr foi o primeiro a interrogar-se: ‘após uma herança de mais de meio século de música em guitarra eléctrica, como pode um terno, frágil e efémero momento transformar-se em algo de tão interessante e cativante? O que fazer no contexto clássico de guitarra, bateria e voz para evitar uma inclusão imediata em mera nota de rodapé da produção que vai de Chuck Berry a Kevin Shields?’. Ainda para mais quando o autor de tão delicadas filigranas refugia-se anonimamente (após anos de activismo noutros estilos igualmente recompensadores, garantem-nos) naquilo que, de facto, parece ser uma homenagem aos My Bloody Valentine de início de 90s. Um fã secreto de utópicos pensadores (de Verne a Stanislaw Lem), Guitar (pois é esse o único nome que convirá fixar nesta história) explora uma geografia de horizontes em extensão rumo ao infinito ao mesmo tempo que permanece atento aos mais infímos/íntimos detalhes. «Sunkissed» é uma música que respira... que se expande e retrai à medida da nossa sensibilidade, que brilha abençoada pelo sol mas que contém luz própria. E as canções (na voz de Regina Janssen - metade feminina dos Donna Regina - ou guiadas pela japonesa Ayako) remetem para uma eufórica viagem levada pelo canto das sirenes, face ao mar aberto, num convés suspenso no tempo – enquanto vagas (de guitarras) distorcidas tudo envolvem e embalam.
Texto retirado do site da Ananana.

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