quinta-feira, 29 de abril de 2004

Daft Punk - Discovery



Uma boa música não faz um bom disco tal como uma má música não faz um mau disco. No passado recente houve um disco em particular que sofreu devido a um tema infeliz. Para mim, a sua inclusão no álbum só faz sentido porque os autores tinham a consciência de que sem ele o disco seria um fracasso comercial. Ouvi vezes sem conta Discovery dos Daft Punk. É claro que fazia batota, começava sempre a audição no tema dois e quando recomeçava, a casa de partida era, simplesmente, ignorada. Havia muita coisa que me escapava e por isso me inquietava, muito do que eu abominava musicalmente era repescado em vários momentos do disco: a primeira vez que ouvi a guitarrada de Aerodynamic apeteceu-me rir. O disco tinha uma matriz house clara, contudo, existiam elementos estranhíssimos que remetiam para uma certa estética dos anos 80 que nunca me agradou. Só que simplesmente não conseguia resistir, ouvi vezes sem conta. O que estranhava em Discovery entranhou-se em muito daquilo que actualmente ouço, de forma mais ou menos explicita, desde os Fischersponner até aos mais recentes Scissor Sisters. Os Daft Punk arriscaram muito em Discovery, quase deitaram tudo a perder com um mau tema mas acho que está na altura de revisitar este disco e lhe dar a devida importância. Posso ainda acrescentar um motivo extra, o dvd Interstella 5555. Em colaboração com o japonês Kazuhisa Takenôchi os Daft Punk deram continuidade aos fabulosos vídeos que este produziu para os singles do álbum e transformaram Discovery numa espécie de banda sonora de um musical-anime-sci-fic.



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