quarta-feira, 29 de dezembro de 2004
Women of mali - the wassoulou sound (2003) é um disco que carrega a magia rural da África Ocidental e que bem pode servir de propulsor para um arranque feliz do novo ano que se avizinha.
Mulheres da região Wassoulou, Mali, libertam a sua impressionante e genuína alegria neste trabalho de múltiplas vozes.
the 1991 compilation that put Wassoulou on the world-music map
...sobre o que ouvi em 2004...
e sendo sempre complicado e algo ingrato fazer uma classificação dos melhores discos do ano, prefiro optar pela construção de um quadro de referências, sem qualquer ordem de preferência. Apenas experimento vestir a pele de um stôr de província, quando dou os diferentes títulos a cada um dos subgrupos de discos. Não por basear-me numa profunda análise de cada um dos cd's (não estive a ouvir exaustivamente todos os álbuns enunciados para escrever este texto) mas antes, pelo gosto pessoal, sensações e ideias das primeiras audições de cada disco e audições subsequentes (daqueles que efectivamente me cativaram os ouvidos e todo o resto - alguns conseguiram-no!).
Excelentes:
Bebel Gilberto - Bebel Gilberto
Air - Walkie Talkie
(Marc Collin - Nouvelle Vague) - Nouvelle Vague
The Arcade Fire - Funeral
Destroyer - Your Blues
Max Richter - The Blue Notebooks
Muito Bons:
The Album Leaf - In a Safe Place
Pink Martini - Hang on Little Tomato
Björk - Médulla
Kings of Convenience - Riot on an Empty Street
Dani Siciliano - Likes...
Satisfaz Bastante:
I Monster - Neveroddoreven
Múm - Summer Make Good
Lambchop - Aw C'mon/No You C'mon
Devendra Banhart - Rejoicing in the Hands
Erlend Oye - DJ Kicks
!!! - Louden up Now
TV on the Radio - Desperate Youth, Blood Thirsty Babes
PJ Harvey - Uh Huh Her
Post Industrial Boys - Post Industrial Boys
Tortoise - It´s All Around You
Satisfaz +:
Interpol - Antics
Einstürzende Neubauten - Perpetuum Mobile
Sonic Youth - Sonic Nurse
Wilco - A Ghost is Born
Lali Puna - Faking the Books
Piano Magic - The Troubled Sleep of Piano Magic
Mice Parade - Obrigado Saudade
Ani di Franco - Educated Guess
The Go Find - Miami
Elizabeth Anka Vajagic - Stand with the Stillness of this Day
Magnetic Fields - I
Espers - Espers
Clinic - Winchester Cathedral
The Walkmen - Bows and Arrows
The Streets - A Grand don't Come for Free
DJ Signify - Sleep no More
Solvent - Apples and Synthesizers
The Castanets - Cathedral
Bark Psychosis - Codename Dustsucker
Mirah - C'mon Miracle
Beach Boys - Pet Sounds
Animal Collective - Sung Tongs
Woven Hand - Consider the Birds
Rufus Wainwright - Want 2
Naomi - Pappelalee
Satisfez assim-assim e por vezes não satisfez:
Morrissey - You are the Quarry
The Cure - The Cure
Badly Drawn Boy - One Plus One is One
Zero 7 - When it Falls
Perry Blake - Songs for Someone
Outros Sons:
Antologia da Música Electrónica Portuguesa
Black Dice - Creature Comforts
Philip Jeck - 7
Skyphone - Fabula
Califone - Heron King Blues
Disco que mais ouvi:
Isan - Meet Next Life
e sendo sempre complicado e algo ingrato fazer uma classificação dos melhores discos do ano, prefiro optar pela construção de um quadro de referências, sem qualquer ordem de preferência. Apenas experimento vestir a pele de um stôr de província, quando dou os diferentes títulos a cada um dos subgrupos de discos. Não por basear-me numa profunda análise de cada um dos cd's (não estive a ouvir exaustivamente todos os álbuns enunciados para escrever este texto) mas antes, pelo gosto pessoal, sensações e ideias das primeiras audições de cada disco e audições subsequentes (daqueles que efectivamente me cativaram os ouvidos e todo o resto - alguns conseguiram-no!).
Excelentes:
Bebel Gilberto - Bebel Gilberto
Air - Walkie Talkie
(Marc Collin - Nouvelle Vague) - Nouvelle Vague
The Arcade Fire - Funeral
Destroyer - Your Blues
Max Richter - The Blue Notebooks
Muito Bons:
The Album Leaf - In a Safe Place
Pink Martini - Hang on Little Tomato
Björk - Médulla
Kings of Convenience - Riot on an Empty Street
Dani Siciliano - Likes...
Satisfaz Bastante:
I Monster - Neveroddoreven
Múm - Summer Make Good
Lambchop - Aw C'mon/No You C'mon
Devendra Banhart - Rejoicing in the Hands
Erlend Oye - DJ Kicks
!!! - Louden up Now
TV on the Radio - Desperate Youth, Blood Thirsty Babes
PJ Harvey - Uh Huh Her
Post Industrial Boys - Post Industrial Boys
Tortoise - It´s All Around You
Satisfaz +:
Interpol - Antics
Einstürzende Neubauten - Perpetuum Mobile
Sonic Youth - Sonic Nurse
Wilco - A Ghost is Born
Lali Puna - Faking the Books
Piano Magic - The Troubled Sleep of Piano Magic
Mice Parade - Obrigado Saudade
Ani di Franco - Educated Guess
The Go Find - Miami
Elizabeth Anka Vajagic - Stand with the Stillness of this Day
Magnetic Fields - I
Espers - Espers
Clinic - Winchester Cathedral
The Walkmen - Bows and Arrows
The Streets - A Grand don't Come for Free
DJ Signify - Sleep no More
Solvent - Apples and Synthesizers
The Castanets - Cathedral
Bark Psychosis - Codename Dustsucker
Mirah - C'mon Miracle
Beach Boys - Pet Sounds
Animal Collective - Sung Tongs
Woven Hand - Consider the Birds
Rufus Wainwright - Want 2
Naomi - Pappelalee
Satisfez assim-assim e por vezes não satisfez:
Morrissey - You are the Quarry
The Cure - The Cure
Badly Drawn Boy - One Plus One is One
Zero 7 - When it Falls
Perry Blake - Songs for Someone
Outros Sons:
Antologia da Música Electrónica Portuguesa
Black Dice - Creature Comforts
Philip Jeck - 7
Skyphone - Fabula
Califone - Heron King Blues
Disco que mais ouvi:
Isan - Meet Next Life
quinta-feira, 23 de dezembro de 2004
sábado, 18 de dezembro de 2004
Living on the Edge (2004) é mais uma aventura lounge, à semelhança de colectâneas com o selo Hotel Costes, do DJ Stéphane Pompougnac.
Neste tipo de trabalhos torna-se nítido como o conceito de design já é mais um ingrediente na produção musical actual... minimalismo na habitação com pinceladas electro lounge!
quinta-feira, 16 de dezembro de 2004
um trágico grande álbum deste ano de 2004, que de certo figurará no topo de muitos top´s do planeta sonoro. Win e Will Butler, Régine Chassagne, Richard Parry, Tim Kingsbury formam os The Arcade Fire e Funeral é o título do disco que anda por aí (e aqui), há já alguns meses. E assim continuará, porque é diferente de todos outros...
Antony and The Johnsons vai(ão) regressar em Fevereiro de 2005, com um segundo trabalho de longa duração, I am a Bird Now. Eis o alinhamento do disco:
Hope There's Someone
My Lady Story
For Today I Am A Boy
Man is the Baby
You Are My Sister
What Can I Do?
Fistfull of Love
Spiralling
Free at Last
Bird Girl
Será que alguém vai querer ouvir?!...
quarta-feira, 15 de dezembro de 2004
Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
«Uma visita», eu me disse, «está batendo a meus umbrais.
É só isso e nada mais.»
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão) a amada, hoje entre hostes celestiais
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo,
«É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isso e nada mais».
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
«Senhor», eu disse, «ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi...» E abri largos, franquendo-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais ?
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isto só e nada mais.
Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
«Por certo», disse eu, «aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.»
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
«É o vento, e nada mais.»
Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais.
Foi, pousou, e nada mais.
E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
«Tens o aspecto tosquiado», disse eu, «mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.»
Disse-me o corvo, «Nunca mais».
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome «Nunca mais».
Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, «Amigo, sonhos ? mortais
Todos ? todos lá se foram. Amanhã também te vais».
Disse o corvo, «Nunca mais».
A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
«Por certo», disse eu, «são estas vozes usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este «Nunca mais».
Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele «Nunca mais».
Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!
Fez-me então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
«Maldito!», a mim disse, «deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».
«Profeta», disse eu, «profeta ? ou demónio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».
«Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!, eu disse. «Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».
E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!
o corvo, Allan Poe, Pessoa e Max Richter...
...shadow journal (The Blue Notebooks (fat cat, 2004)), em audição...
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
«Uma visita», eu me disse, «está batendo a meus umbrais.
É só isso e nada mais.»
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão) a amada, hoje entre hostes celestiais
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo,
«É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isso e nada mais».
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
«Senhor», eu disse, «ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi...» E abri largos, franquendo-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais ?
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isto só e nada mais.
Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
«Por certo», disse eu, «aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.»
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
«É o vento, e nada mais.»
Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais.
Foi, pousou, e nada mais.
E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
«Tens o aspecto tosquiado», disse eu, «mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.»
Disse-me o corvo, «Nunca mais».
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome «Nunca mais».
Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, «Amigo, sonhos ? mortais
Todos ? todos lá se foram. Amanhã também te vais».
Disse o corvo, «Nunca mais».
A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
«Por certo», disse eu, «são estas vozes usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este «Nunca mais».
Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele «Nunca mais».
Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!
Fez-me então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
«Maldito!», a mim disse, «deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».
«Profeta», disse eu, «profeta ? ou demónio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».
«Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!, eu disse. «Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».
E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!
o corvo, Allan Poe, Pessoa e Max Richter...
...shadow journal (The Blue Notebooks (fat cat, 2004)), em audição...
Três cores, materializadas em três filmes, que motivam visitas a sentimentos convergentes...
Três bandas sonoras que servem para exprimir musicalmente esses mesmos sentimentos.
Uma boa recordação para esta época do ano!
recomendo a todos a leitura deste bom blog musical, escrito por um puto, cujo texto dos 20 anos do nascimento dos This Mortal Coil, é um dos mais completos, que já li sobre aqueles extra-galácticos...
terça-feira, 14 de dezembro de 2004
com uma internet mais lenta que o Paulo Almeida, perco-me no horizonte laranja acastanhado do fundo do Intervenções e rococós do guarda-fatos, enquanto o outonal frio é quebrado pelo veludo sonoro de happy like an autumn tree, o mais recente trabalho do quarteto francês Cyann & Ben (locust music, 2004). shoegazer macio, guitarras suspensas, audição em bolhas de melodia, como de beleza, as esferas de sabão sopradas pela criança...
segunda-feira, 13 de dezembro de 2004
Frauleinwunder é uma colectânea, editada em 2003, que tem a particularidade de ter presenças femininas que já trabalharam com os alemães De-Phazz.
A mistura dos ritmos bossa nova com as vozes new pop de Barbara Lahr, Pat Appleton e Rosanna Tavares criam fantásticas correntes musicais típicas de certas nuances downtempo.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2004
quinta-feira, 9 de dezembro de 2004
quarta-feira, 8 de dezembro de 2004
Autour de la lune (2004) é o trabalho mais recente de Biosphere, projecto de Geir Jenssen, que preenche lugares cósmicos e lhes dá sentido através da música. Este registo inspirado na obra "Da Terra à Lua", de Júlio Verne, mostra como de forma delicada e sensível é possível criar poesia musical sobre espaços que nos envolvem e dominam a nossa frágil existência.
Autênticas atmosferas de harmoniosa música electrónica.
Massive Attack - danny the dog
O filme, em Portugal, será exibido apenas em Fevereiro do próximo ano. Até lá, podemos sempre recorrer ao imaginário facilmente impulsionado pelos sons que a banda sonora nos proporciona.
Este é o resultado de um convite do famoso realizador Luc Besson aos Massive Attack. Tem alguns bons momentos ainda que pareça um álbum de criatividade apertada.
Obs: o filme "Danny the Dog" conta com participações de actores como Jet Li, Bob Hoskins e Morgan Freeman.
O filme, em Portugal, será exibido apenas em Fevereiro do próximo ano. Até lá, podemos sempre recorrer ao imaginário facilmente impulsionado pelos sons que a banda sonora nos proporciona.
Este é o resultado de um convite do famoso realizador Luc Besson aos Massive Attack. Tem alguns bons momentos ainda que pareça um álbum de criatividade apertada.
Obs: o filme "Danny the Dog" conta com participações de actores como Jet Li, Bob Hoskins e Morgan Freeman.
Zita Swoon - a song about a girls
Depois de "I Paint Pictures on a Wedding Dress" e de "Life = a Sexy Sanctuary", os Zita Swoon regressam com um álbum cheio de melodia e de... canções. Este é um álbum íntimo - algo a que não deve ser alheio o facto de ter sido gravado por Stef Kamil num estúdio montado na sua própria casa em Antuérpia.
São 12 histórias de onde destaco "Me & Josie on a saturday night", "Intrigue" ou "Clair Obscure".
Depois de "I Paint Pictures on a Wedding Dress" e de "Life = a Sexy Sanctuary", os Zita Swoon regressam com um álbum cheio de melodia e de... canções. Este é um álbum íntimo - algo a que não deve ser alheio o facto de ter sido gravado por Stef Kamil num estúdio montado na sua própria casa em Antuérpia.
São 12 histórias de onde destaco "Me & Josie on a saturday night", "Intrigue" ou "Clair Obscure".
segunda-feira, 6 de dezembro de 2004
John Parish and Polly Jean Harvey - Dance Hall at Louse Point (1996)
Só agora descobri esta pérola do valioso percurso de Polly Jean Harvey... com a mais valia da participação do seu mentor musical John Parish.
Embora apresentando canções mais polidas é quase intuitiva uma aproximação ao irreverente 4-track demos. Em dance hall at louse as canções parecem mais pensadas, construídas com uma estrutura melódica parecida com os trabalhos recentes de PJHarvey. No entanto, os rasgos de noise guitar e o dramatismo na intrepretação vocal não deixam de recordar outros tempos.
sábado, 4 de dezembro de 2004
Ontem percebi uma parte do mistério. Nos confins do universo existe uma civilização muito antiga, tecnologicamente avançada, constituída por seres que estão para lá da nossa compreensão. Dominam o tempo e o espaço, escapam às noções científicas que são conhecidas pelos humanos. Kimmo Pohjonen e Samuli Kosminen são dois enviados dessa civilização. Ontem durante duas horas tentaram transmitir a essência daquilo que são, daquilo que os separa dos habitantes do planeta terra. O momento foi de uma beleza indescritível, como se aquela sala fosse projectada num futuro longínquo, algures na realidade que eles habitam. Houve momentos inatingíveis, que estão para lá da compreensão de um simples humano mortal como eu. Quando não percebi tentei apenas sentir... e como senti...
sexta-feira, 3 de dezembro de 2004
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